quarta-feira, 25 de abril de 2012

O poder do toque!

O ato de tocar passa pelo interesse genuíno e cheio de amor pelo próximo, pelo desejo profundo de dar e receber afeto.

Dar e receber contato físico são experiências fundamentais para o desenvolvimento humano. A pele, além de ser o maior órgão do corpo, é também o receptor do sentido do tato. Através dela, a sensação do toque que damos ou recebemos chega rapidamente ao cérebro, transmitindo-nos tanto o prazer quanto o desconforto dos contatos corporais.

Na nossa espécie, a experiência tátil começa desde a fase fetal. No útero, o bebê recebe estímulos sensoriais o tempo todo através da pele. Nos momentos que antecedem ao parto normal, são os estímulos corporais que sinalizam tanto à gestante quanto ao nascituro que é hora da chegada de um novo ser ao mundo. E é também no contato corporal com a mãe que a criança faz sua primeira comunicação com o mundo externo. Através desta interação física, o recém-nascido pode receber novamente o conforto perdido da vida intrauterina e experimentar o calor e a segurança tão necessários para sua adaptação e desenvolvimento nos primeiros anos de vida.

O contato através da pele é um meio potente de comunicação que poderá ser desenvolvido ou bloqueado. Na verdade, as pessoas deveriam se tocar mais. Em muitas situações da vida, um toque é sempre importante e pode mesmo ser terapêutico. Uma pessoa entristecida, por exemplo, pode ser confortada através de um abraço demorado e acolhedor. Momentos de sofrimento podem ser aliviados quando alguém toca o ombro ou segura a mão de quem sofre; aquele que chora precisa de quem, suavemente, lhe enxugue as lágrimas, e assim por diante. Quem já desenvolveu essa sensibilidade saberá o tamanho, a forma e a intensidade de como deve ser o contato físico.

Numa sociedade erotizada como a nossa, qualquer referência a toques entre seres humanos tende logo a receber conotação sexual. Contudo, o ato de tocar também passa pelo interesse genuíno e cheio de amor pelo próximo, pelo desejo profundo de dar e receber afeto. A falta do contato físico tem acarretado muitos danos ao ser humano – e não apenas no desenvolvimento de algumas doenças físicas, mas também na interação social do indivíduo e na sua capacidade de expressar amor e criar vínculos. Ashley Montagu, antropólogo inglês e autor do livro Tocar – O significado humano da pele, cita em sua obra que a falta de contato físico e do aconchego do colo pode aprisionar uma pessoa dentro de si mesma, dificultando tanto sua caminhada na direção do outro como a aceitação da proximidade com outras pessoas. Para ele, o contato ajuda o ser humano a ultrapassar a barreira da sua própria pele, a qual o separa do seu mundo externo. Assim, o ato de tocar funciona também como uma espécie de libertação.

Há várias razões pelas quais podemos ter dificuldades tanto em dar como em receber o toque. A primeira delas é simples: não tocamos porque não fomos tocados por aqueles que cuidaram de nós e não sabiam da importância deste contato. E a dor causada pela ausência do toque poderá se manifestar de forma intensa e insuportável quando somos tocados ou desejamos tocar. Segundo, porque muitos de nós nascemos de pais que não sabiam separar o toque amoroso e carinhoso do contato visando relacionamento sexual. E dessa forma, além de passarem uma ideia distorcida do carinho, também não deram aos filhos a interação física tão necessária, não apenas no início da vida, mas também quando deixam a infância.
O toque cura, quando se tem intenção...