quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Possuir uma mulher




Antes era pecaminoso e vergonhoso a mulher sentir prazer, agora ela “tem” que ter prazer para o parceiro sentir-se o poderoso sedutor.
sim, o homem cobra da mulher o prazer, o gozo para garantir que seu papel é perfeito, ele não apenas possuí a mulher, mas é tão poderoso que a faz sentir prazer.
Esse é o enfoque para muitos.

“Eu dou prazer a minha parceira”.
Aliás os termos associados ao ato sexual denotam bem como ele é encarado.
“Possuir uma mulher”; “Fazer amor”; são dois termos que revelam a profunda incompreensão por detrás da sexualidade. Pensem nos outros!

Não podemos deixar de lembrar que existe um componente biológico, instintivo no sexo, regulado por hormônios e mecanismos outros puramente ligados a continuidade da espécie.

Como Tantrista gostaria de abordar a sexualidade neste post.

O renascimento do feminino pode nos levar a um novo enfoque da questão sexual.

Novamente gostaria de lembrar que considero o renascer do feminino como algo muito importante não só às mulheres, mas também a nós homens que podemos recuperar o contato com nossa anima em toda sua amplitude e assim recuperar nossa condição de homens, perdida quando a civilização dominante nos limitou a sermos machos.
Mas o homem ao dominar o mundo impôs também quais seriam os arquétipos permitidos a mulher, assim a mãe se tornou a via predominante, ao lado da virgem.
A mulher pode então ser mãe, ou ser pura e virgem, mas é desprezada, de forma explicita ou implícita se ousa aderir a outros arquétipos, não oficiais.
Antes de mais nada o que é o Tantra?
Sob este termo existem linhas tão contraditórias que seria bom começarmos por estabelecer o que entendo por Tantra.
Ao contrário das religiões que conhecemos, alguns ramos orientais não colocam o sexo como algo pecaminoso ou maligno.
Consideram que o sexo, como algo dotado de poder, pois é capaz de gerar uma vida, coisa que você nunca conseguiria rezando, por exemplo.
Como dizia um ocultista que conheci, com seu jeito irreverente:

- “Reze trinta terços ao lado de uma mulher e ela quando muito dormirá, mas uma única relação sexual concluída e o milagre da vida se manifesta.”

Para entendermos o Tantra temos de compreender certos paradigmas das culturas que o adotam.A visão do ser humano é um dos pontos fundamentais.
Para o mundo racionalista o ser humano é um conjunto de átomos que se organizaram em moléculas que se organizaram em organelas, que se organizaram em células, que se organizaram em tecidos, que se organizaram em órgãos que se estruturaram num organismo.
A visão mecanicista ainda dominante no pensamento científico, dentro da qual somos apenas máquinas complexas, compostas de partes que se juntam e criam um corpo.
Assim faz parte dos instintos, uma espécie de “programa” dessas máquinas, estabelecer um conjunto químico de estímulos e respostas que levam um homem a procurar uma mulher e a liberar dentro dela seu sêmen para que os genes se encontrem e a vida continue.

Essa abordagem nada tem a ver com a visão de outros povos que consideram presente no ser humano um outro aspecto, algo que podemos chamar de espiritual, embora este termo também tenha sido muito deturpado.Note que as religiões mais conhecidas apenas citam que existe um algo a mais no ser humano, confusamente chamam esse algo a mais de “alma” ou “espírito” e o contrapõe ao corpo.
Nas religiões oficiais a alma é algo que pode se salvar ou se perder pela eternidade se o seguidor acata ou não as verdades prontas que a religião lhe dá.
“Aceite sem questionar nossas verdades e será salvo, questione e penará no fogo eterno.”
No fundo esse é o regulamente implícito na maior parte das religiões.
Ainda, para uma grande maioria dos seres, mesmo entre os tidos por “esotéricos” o corpo é o veículo impuro e imperfeito onde a alma está “presa” neste mundo de dor e sofrimento.
Assim negar o corpo e seus “desejos” impuros é o objetivo mais ou menos confesso de muitos, e, por extensão, o sexo faz parte das impurezas a serem “sublimadas”.
Para os xamãs e certos ramos do misticismo oriental somos muito mais que isso.
Somos um todo complexo , energia em vários graus de manifestação.
Essa energia é dual, não em oposição, mas em complementação.
Assim o corpo físico é a densificação de uma outra realidade, uma realidade que podemos chamar de energética sutil.
Dentro do conceito físico moderno, que matéria é apenas energia condensada, fica mais claro, quer falemos do corpo físico quer de sua contraparte energética, que estamos apenas falando de dois aspectos de um mesmo fenômeno.
Num mundo onde sabemos que a luz e o elétron é um fenômeno complexo que se manifesta ao mesmo tempo partícula e onda fica mais fácil lidar esse aparente paradoxo.
Assim como o gelo e a água num copo são dois estados diferentes da mesma substância o corpo de energia e o corpo físico são dois estados diferentes da mesma energia universal, atuando em meios distintos, mas mutuamente equilibrados.
Mas cada um desses dois planos tem suas leis e suas peculiaridades, entretanto não se opõe, complementam-se.

Em nenhum momento o puro misticismo apóia a divisão esquizofrênica que se estabeleceu entre corpo e espírito.
Para podermos de fato entrar em níveis mais amplos de consciência, nos chamados estados amplificados de consciência, ou ainda, nos estados de consciência intensificada precisamos de energia.
E aqui uma analogia pode nos ser útil.
Os elétrons ao redor dos núcleos atômicos não estão aleatoriamente distribuídos, mas existem áreas que eles tem a tendência de existir.
Essas áreas são chamadas de orbitais.
Para um elétron passar de um orbital mais perto do núcleo para outro mais distante ele precisa ter energia para isso.
Analogamente dizemos que a percepção para ir a níveis mais amplos de consciência precisa ter energia.
Sabendo o imenso poder do sexo fica claro que podemos dele tirar essa energia que necessitamos.
Estamos num campo científico, não o cientificismo estreito, mas ciência no sentido de conhecimento acumulado por observação e experimentação.

As religiões conhecidas são extremamente moralistas e se baseiam apenas em dados morais absolutos para falar de evolução.
A ciência dos iniciados, dos yogues, dos budistas esotéricos, dos lamas e dos xamãs tem um aspecto ético sem dúvida, mas vai muito mais além.
Sabe que estados mais amplos de consciência são atingidos por trabalhos específicos que envolvem a ampliação da energia pessoal.
Dois caminhos existem àquele que deseja ir a estes níveis mais amplos de consciência, não ocasional e acidentalmente, mas de fato nele mergulhar e aí viver. (texto:

GUERRERO)

O MUNDO ESTÁ EM PERIGO




"Se existir um futuro, ele irá usar a coroa do modelo feminino”.

Sri Aurobindo


O MUNDO ESTÁ EM PERIGO E AS MULHERES TAMBÉM, MAS “Onde há perigo, surge a salvação”. 

E essa salvação está nas mãos das mulheres. São as mulheres as mães e as representantes do Principio Feminino que se encontra anulado tanto no homem como na mulher que precisam emergir do fundo das suas psiques e voltarem à realidade. Falsos valores e falsas premissas todas baseadas na anulação do feminino e na exaltação dos valores do Principio Masculino, levaram o homem e a mulher sobretudo a mulher - que ao ser anulada ela própria, submetida ao homem, as suas leis e vontade -, deixou de exercer as suas funções e perdeu a sua identidade original. Esta visão materialista e marxista do mundo levou  consigo a Humanidade global a uma visão do mundo e das pessoas,  não só à negação do sagrado como a viverem de um modo que se tornou pura aberração. Por outro lado, aquilo que para muitas mulheres, provenientes desta mentalidade patriarcal que aderiram ao dito "feminino sagrado"  como mera ideia e sem  uma consciência desse feminino ontológico e identidade do feminino em si, também me parecem desvinculadas dessa essência  que na visão de uma amiga leitora, em certos casos se torna bem pior, " porque para além do "espiritual" se ter tornado num negócio como outro qualquer, com promoções, descontos, oportunidades únicas, "iniciações" (como se alguma iniciação pudesse jamais ser comprada!?), estes círculos do "sagrado feminino" tornam-se, frequentemente, num meio de recrutamento de mulheres vulneráveis para outros cursos de longa duração, pseudo-terapias do "menú das terapias", etc., etc.

Assim, hoje em dia tanto a mulher como o homem não são senão estereótipos de visões socio-culturais absolutamente deturpados de um masculino e feminino tornado mercadoria e ambos perdidos num mundo consumista de ideias ideologias (de género) em que tudo se mistura e tudo se vende, sendo em geral as mulheres as maiores vitimas de um materialismo exacerbado ou de uma falsa espiritualidade, como o é a New Age.
Porém, a  grande maioria dos seres humanos que dizem lutar por um "mundo melhor" não acredita na alma nem no espírito,  desligando-se assim dos aspectos ontológicos e sagrados da vida, que geravam a Harmonia entre os opostos e o próprio equilíbrio da Natureza e que davam a cada ser humano a dimensão da sua natureza também como seres originais, ligados as forças telúricas, particularmente as mulheres! De qualquer modo tanto homens como mulheres se perderam de si e da sua essência e por isso o mundo atravessa agora um momento de enorme alienação dos valores  intrínsecos e profundos, tanto como da alma e do espirito, reduzidos aos cinco sentido, virados para o exterior e dedicados a um mundo aparente que tomam como única realidade.

SIM, " Uma grande tragédia do nosso mundo é o fato de a verdade harmoniosa desde o casamento de opostos ter sido esquecida num desastroso excesso de ênfase daquilo a que podemos chamar valores de poder, controlo e domínio “masculinos” negativos. Este desequilíbrio resultou na catastrófica crise global que pode ser vista na nossa adoração hierárquica econômica, cultural e política; no crescimento de diferentes e letais fundamentalismos; na nossa obscena violação da natureza e da Terra; e nas nossas visões religiosas do divino desnaturam a matéria, desonram a sexualidade, desvalorizam o poder sagrado das relações e debilitam radicalmente a santidade da própria vida. O resultado é o perigo apocalíptico potencialmente terminal que atualmente nos ameaça e desespera, e a falta de significado e a sensação de desespero que a todos ameaça. No entanto, como nos lembra o grande poeta Holderling: “Onde há perigo, surge a salvação”.

A salvação na nossa era, penso eu, assenta na completa e total reconstrução do feminino – a Mãe – em todos os estados de espírito, aspectos, qualidades, paixões e poderes."